Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco toca ÚLTIMO DIA, frevo de Levino Ferreira

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PEQUENA HISTÓRIA DO FREVO DE RUA

Dizem os grandes pesquisadores que a música que surgiu com a denominação de marcha-frevo, era inicialmente uma versão puramente instrumental com influências diretas da marcha-militar, do dobrado, do galope e da polca-marcha.

Esses mesmos pesquisadores enaltecem a figura do maestro José Lourenço da Silva (1889 -- 1952), regente da Banda da Polícia Militar de Pernambuco, homem que se tornou musicalmente conhecido como Capitão Zuzinha. Este músico e maestro foi aclamado como um dos "monstros sagrados" do frevo instrumental. Não há dúvidas de que foi ele o responsável pela transformação da polca-marcha em marcha-frevo na primeira década do século XX. Não teve até agora as homenagens que merece em Pernambuco!

Não há quem tire do maestro Zuzinha, de Paudalho, por esse fato, o título de Pai do Frevo. Esse diálogo em que na orquestra de frevo os metais "perguntam" e as palhetas "respondem", é uma criação dele que só faltou registrar em cartório, mas há homens como o escritor e jornalista Mário Mello que valem por um cartório inteiro! E ele deu-lhe esses créditos.

Mas dizem também que outro criador igualmente fabuloso foi quem definitivamente tirou o frevo daquele estágio de marcha-polca e o levou para a glória final da marcha-frevo que outra coisa não é a não ser aquilo que se passou a chamar de frevo-de-rua, aperfeiçoando o que o maestro Zuzinha criou. Esse criador, como a imensa maioria dos mestres do frevo, também não nasceu no Recife. Era natural de Bom Jardim. Seu nome: Levino Ferreira da Silva.

Levino nasceu em 02/12/1890 e morreu no Recife em 09/01/1970. Aos oito anos de idade começou a apresentar-se em Bom Jardim na banda do maestro Tadeu tocando trompa. Mais tarde aprendeu a executar outros instrumentos de sopro e todos os instrumentos da banda, passando a substituir automaticamente qualquer componente que faltasse aos ensaios ou apresentações.

Em 1910, com 20 anos de idade e já reconhecido como exímio instrumentista, transferiu-se para a cidade de Orobó (chamada então de Queimadas), em Pernambuco, para assumir o cargo de mestre da banda da cidade. Voltou pra Bom Jardim e atuou ainda na mesma década como mestre da banda Vinte e Dois de Setembro recebendo em decorrência disso diversos convites para organizar e dirigir bandas em cidades do interior pernambucano.

Nesse período começou a compor músicas para o carnaval embora não apresentasse ainda as influências do frevo. Em 1919, fez sua primeira viagem a Recife. Durante toda a década de 1920 e até meados da década seguinte, percorreu diversas cidades do interior pernambucano, apresentando-se em festas e dirigindo bandas como a de Limoeiro. Já no começo da década de 1930, suas composições começaram a se tornar conhecidas em Recife, uma vez que eram editadas pela Casa de Música Azevedo Júnior.

Em 1935, já com 45 anos, recebeu convite do maestro Zumba e mudou-se para o Recife. Nesse mesmo ano, teve seu frevo "Satanás na Onda" escolhido como vencedor do Concurso de Frevos do Recife, sendo, em seguida, gravado pela Orquestra Odeon. Seus frevos passaram a ser tocados por quase todos os blocos e clubes carnavalescos da capital de Pernambuco. Dizem que a partir daí passou a ser conhecido como Mestre Vivo, mas esperem que essa história será modificada!

Foi por essa época que o maestro Nelson Ferreira com o intuito de divulgar o carnaval e o frevo através do rádio, reuniu a nata dos músicos que atuava em Recife e formou a sua orquestra de frevo com nomes como Levino Ferreira, Felinho, Zumba, Zuzinha e Lourival Oliveira. É mole uma orquestra dessas? Foi essa mesma orquestra que se tornou nacionalmente conhecida que lançou os principais compositores e intérpretes dos grandes sucessos do carnaval do Recife e de Pernambuco.

Depois virá a continuação!